Karlheinz Stockhausen

Artista visionário, Stockhausen foi o renovador da escola weberiana e transformou a paisagem da música da segunda metade do século XX. Inicialmente com o serialismo integral e o indeterminismo e posteriormente com a música concreta (microfone) e electrónica (osciladores e síntese), com peças produzidas em estúdio com banda magnética que dispensavam a instrumentação tradicional e os intérpretes, ou ao vivo, com executantes a manipular a parafernália electroacústica em directo – música intuitiva – e, finalmente na situação pós-moderna e multimédia de Licht, a obra de Stockhausen abrange um período de quase 60 anos.
Este programa centra-se na sua composição Mikrophonie I, de 1964, para seis intérpretes. Destes, dois excitam com diferentes materiais um enorme Tam-tam, outros dois manipulam, de acordo com indicações da partitura, dois microfones em relação ao Tam-tam e outros dois intérpretes, já a uma relativa distância para ter a percepção total do som acústico e amplicado, manipulam filtros, amplicação e espacialização do som captado pelos microfones.
Os microfones são utilizados como microscópios, uma analogia proposta pelo título da peça, sendo usados para descobrir e tornar perceptíveis sons que de outra forma não seriam aparentes. O microfone transforma-se num instrumento musical que influencia todas as características do som: forma os tons, ritmos, níveis dinâmicos, timbre e projecção espacial dos sons. O microfone não é apenas um objecto mas sim todo um sistema de captação, processamento, amplicação e difusão dos sons produzidos no Tam-tam, única fonte acústica nesta peça.