Um concerto é um espaço temporal, uma parcela dentro do nosso quotidiano mundano, onde se pode vislumbrar, e mesmo sentir, o paraíso.
Pocket Paradise é um projecto, ou melhor, é o veículo que Jesús Rueda imaginou para nos transcendermos. Para isso, utiliza os mais diversos recursos de composição que se podem imaginar, criando momentos carnais (o primeiro movimento A Flor de Piel, com percussão corporal), momentos mais esplendorosos (como Fuente e Arbol de Vida), e outros espirituais (Cruzar el Umbral).
Pocket Paradise é a obra central do programa que conduz, através da evocação do paraíso, às restantes obras do programa, com as quais partilha a inspiração e algumas referências.
As peças reunidas neste monográfico formam um todo com personalidade própria, pois surgem da colaboração de Jesús Rueda com Miquel Bernat (e por afinidade com o Drumming GP) e aproximam-nos dos diferentes momentos criativos do compositor. A técnica levada a limites quase impossíveis, a busca de novas sonoridades, inventando instrumentos e desenvolvendo técnicas sem perder nunca o lirismo, bem como uma extrema musicalidade, fazem-nos deambular pelas referências recorrentes de Rueda: a busca do paraíso interior, o rito, a noite ou a ascensão e a queda, tanto física como espiritual. O imaginário criado vai mais além – das artes plásticas à poesia, da dança à literatura. De Perpetuum Mobile até Pocket Paradise realizaremos uma viagem através da percussão, experimentaremos uma parcela de êxtase: Pocket Paradise.