Zapping

“A percussão possui na sua essência sonora uma vitalidade que os outros instrumentos não têm. Ela tem um aspecto vivo, um aspecto sonoro que é mais espontâneo e imediato” dizia Francis Vincent Zappa, (1940-1993). Esta peculiaridade observada por Zappa e o belíssimo legado musical da obra que nos deixou, inspiraram este novo projecto do Drum- ming GP que convidou diversos compositores a plasmarem em peças para percussão, o seu olhar sobre o músico norte- americano, formando uma soirée zapping com todas elas.
Oriundo do mundo do rock, Zappa apresenta peculiaridades muito próprias. Admirador de John Cage, Igor Stravinsky e Anton Webern, a influência de Edgar Varèse encontra-se bem patente no trabalho orquestral de ambos e no papel reservado à percussão que se sobrepõe ao resto da orquestra, numa forte construção rítmica e de métricas complexas. Líder da sua banda, explorador insaciável
nos mais variados campos e estilos, sem nunca se deixar aprisionar em nenhum deles, do clássico ao rock, do jazz ao blues, Zappa, que chegou a compor para o emblemático Ensemble Moderne, de Frankfurt, evidenciou, acima de tudo, compromisso decidido e inabalável com a sua arte.
É isso que o torna tão inimitável e, simultaneamente, tão impossível de captar pelos cânones pré-estabelecidos de toda a estirpe de rótulos e catalogadores.