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07.03.25, 21.30, Theatro Circo, Braga (PT)
Programa
Music for 18 musicians, Steve Reich, (1974-76)
Duração: 75 min (aprox.)
Créditos
Autor: Steve Reich
Direção artística: Miquel Bernat
Percussão: João Miguel Braga Simões, Pedro Góis, André Dias, João Tiago Dias, Vítor Castro, Pedro Oliveira, Miquel Bernat (7)
Drumming Expanded / Drumming & Friends.
Piano: Rui Braga Simões, José Diogo Martins, Joana Gama, João Lima (4)
Voz: Eva Braga Simões, Gabriela Braga Simões, Raquel Mendes, Maria João Vieira Leite (4)
Violino: Vítor Vieira
Violoncelo: João Tiago Cunha
Clarinete: Alexandre Abreu
Clarinete baixo: Paulo Martins
Desenho e operação de som: Süse Ribeiro
Desenho de luz: Emanuel Pereira
Fotografía: Imagens cedidas pelo Auditório de Espinho.
Notas
Music for 18 Musicians, composta entre 1974 e 1976, é uma das obras mais marcantes e reconhecidas de Steve Reich, referência viva e incontornável da música atual. Reich foi um dos fundadores da chamada Música Minimalista ou Música Repetitiva na segunda metade do século XX. Este estilo foi uma das criações mais importantes e mundialmente conhecidas da arte americana e acabou por influenciar, em quase todo o planeta, diferentes áreas. Music for 18 Musicians debruça-se de forma contínua durante mais de uma hora, com uma estrutura que se assemelha a um arco arquitetónico de 11 secções apoiadas num fundamento ou ponto de partida que funciona como prelúdio. O porto de chegada é também um poslúdio, idêntico ao prelúdio inicial. Nestes prelúdio e poslúdio são expostos os 11 acordes principais que definirão cada uma das 11 secções na mesma ordem da audição dos acordes. Esta estrutura em forma de arco alcança o seu ponto álgido na sexta secção e um instrumento ínfimo, as maracas, marcam este ponto mudando a cor sónica do ensemble. Assim se identifica este ponto central, “chave” ou “fecho” deste arco sonoro como uma aduela central que se assemelha aos arcos arquitetónicos românicos. A peça tem um pulso constante e a sua específica orquestração, onde às vezes 6 intérpretes tocam em simultâneo os quatro pianos de cauda, criando uma sonoridade e atmosfera grandiosas só com 18 ou 19 músicos (nada comparado a uma orquestra sinfónica) que acaba por dar uma experiência sensorial espiritual e metafísica que nos leva a um transe. Afastando-se dos modelos que marcaram o início da sua carreira, Reich usou instrumentos aos quais nunca tinha recorrido anteriormente do ponto de vista de número e distribuição – dois clarinetes e clarinetes baixos, quatro pianos que em alguns momentos são tocados por doze mãos, quatro vozes, violino e violoncelo, três marimbas, dois xilofones e um metalofone. O metalofone é tocado num vibrafone que serve para marcar as mudanças de secção em substituição da figura do maestro típico da cultura ocidental para assim nos aproximarmos das tradições africanas ou asiáticas, onde o maestro, o líder, é também músico intérprete, marcando e assinalando como a peça se deve desenvolver a partir do seu instrumento numa sinalização sónica que o resto da banda reconhece. Assim, estas repetições de padrões vão mudando seguindo as indicações do vibrafone, transformando-se ao longo da peça, à semelhança da música para gamelão indonésio ou dos grupos de tambores do Gana. Passados 50 anos e pela terceira vez, o Drumming Grupo de Percussão assume a interpretação de Music for 18 Musicians, desta vez em conjunto com vários músicos bracarenses. Ninguém prevê o futuro, mas esta é uma peça que se está a tornar numa referência do repertório da música clássica, erudita, moderna – como lhe quiserem designar –, tal e qual a 5.ª Sinfonia de Mahler, Shostakovich ou Beethoven, por isso parece-me que algumas músicas estão predestinadas a ficar, porque a sensação e vislumbre que transmitem é único e insubstituível, mostrando as entranhas e maneiras de sentir que definem épocas do mundo, momentos da humanidade.
— Miquel Berna
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Projeto
+: Music for 18 musiciansDrumming & Steve Reich, Escrita entre 1974 e 1976, “Music for 18 Musicians” é uma das obras mais emblemáticas e conhecida da produção de S. Reich. Ao longo de mais de uma hora um grande arco sonoro com 11 secções continuas cria uma atmosfera hipnótica, uma espécie de transe em que o corpo e mente…
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