You Are a Dead Pixel 

Drumming & Igor C Silva, A dead pixel is a phenomenon in which a pixel on a display device fails to change color. When a display device produces an image, its pixels feature the appropriate colors of the image. The term “dead pixel” refers to a pixel that fails to change color.

The previous idea is the starting point of the concept for the new multimedia-immersive piece that will be written for Drumming GP and two jazz soloists. It reveals itself as an analogy on how each human being can be isolated and in some way insignificant in the middle of an immense digitally-individualized society, exploring the feeling of isolation as a bliss state of mind.

“You Are a Dead Pixel” is multimedia, video, electronics, light, and shadow in which shadows are sculpted together in a multi-sensorial project where an immersive and dense audiovisual environment is set in a concert pitched dark concert hall. The perception of the physical space where the action happens is morphed and manipulated by the light and shapes produced by video, interacting closely with a video mapping system surrounding the ensemble and the audience. The audience’s perception is manipulated and subverted by the multimedia tools in a constant flow throughout the piece, thus creating continuous stimulation of the senses, keeping the audience in sustained energy.

This piece is a full-length concert (approximately 1 hour) and creates a musical bridge between percussion ensemble, jazz, improvisation, and multimedia tools, bringing together these realities to create a hybrid performance. New technology and multimedia digital tools are a crucial aspect of the concept: musicians’ performance and sound are constantly mapped into a digital/virtual world. Music, electronics, light, and shadow are sculpted together in a multi-sensorial project where an immersive and dense audiovisual environment is set in a concert pitched dark concert hall. The musicians/performers are the only visual stimulation that is brought to the audience at the beginning of this artistic and performative journey. 

The perception of the physical space where the action happens is morphed and manipulated by the light and shadows produced by the light design and its interaction with the performers. The audience’s perception is distorted and subverted by the multimedia tools in a constant flow throughout the piece, thus creating continuous stimulation of the senses, keeping the audience in sustained energy.

The cause-effect dialectics of the expression are explored, both musically and performatively, in a very close dialogue with the instrumentalists’ musical interpretation and improvisation. On one hand, the visual and aesthetic nature of the show becomes a theatrical/multimedia language in close dependence and collaboration with music and sound.

Drumming Plays Steve Reich

Considerado talvez o mais importante e infuente compositor do fnal do século XX e inicio do XXI pelo seu poder criativo e comunicativo, dando a modernidade uma via de criação sem precisar de abraçar as correntes da complexidade e integrando uma diferente forma de atração tonal. É um dos criadores e impulsionadores da chamada Música Minimal ou Música Repetitiva. 

A sua música caracteriza-se por um pulso constante, repetição motívica e uso frequente de cânones que se desenvolvem dentro de estruturas rigorosas, ritmos propulsores, harmonias de diversos géneros musicais (música medieval, jazz…) e uma orquestração repleta de cores sem necessidade duma orquestra sinfónica. 

O legado de Steve Reich tem infuenciado compositores e músicos por todo o planeta pela sua indiscutível autenticidade e talvez por ser “… o maior compositor americano vivo” como o descreveu The Village VOICE. The Guardian descreve-o como um dos poucos compositores que “alterou o rumo da história da música” e o The New Yorker refere-se a ele como “… o músico e pensador mais original dos nossos tempos”.

É o criador de obras como It´s Gonna Rain (1965), Piano Phase (1967), Drumming (1970-71), Music for 18 Musicians (1976), Tehillim (1981), The Desert Music (1984), Different Trains (1988), Three Tales (2002), Double Sextet (2007), Radio Rewrite (2012) que se destacam entre muitas outras, de sua autoria, que são interpretadas por todo o Mundo. 

Desde o início da sua carreira explorou inúmeras técnicas de composição que incluem o uso de loops (em obras como It´s Gonna Rain e Come Out), efeitos de fase repetidos (Phase Patterns, Violin Phase e Piano Phase) e mais tarde explorou novos conceitos musicais em obras como Pendulum Music (em que explora a retroalimentação com microfones) ou Four Organs (alargamento de células musicais) mas rapidamente deixou a experimentação tecnológica para continuar a desenvolver formas de expressão musicais para ensambles estritamente instrumentais.

Reich foi distinguido com diversos prémios como o prestigioso Praemium Imperiale (2006), o Polar Music Prize (2007), o Prémio Pulitzer de Música (2009) e o Prémio Fundación BBVA Fronteras del Conocimiento (2013) em música contemporânea por ter, como cita a ata, “uma nova concepção da música, apoiada na utilização de elementos realistas, relacionados com o quotidiano e elementos provenientes de músicas tradicionais dos continentes Africano e Asiático” e por “ter aberto novas vias que criaram um diálogo entre cultura popular e culto; entre a modernidade ocidental e as tradições não europeias que resultaram numa feliz combinação de complexidade e transparência”.

Play Off

Drumming & Vasco Mendonça, Um desafio é um desafio é um desafio. A mensagem começa no título, “Play Off”. O compositor Vasco Mendonça (n.1977) indicia que a proposta feita aos Drumming GP, para interpretar composições suas, consolida-se enquanto desafio ao invés de sugestão, convite. A operação desenvolve-se ao longo do álbum, das quatro composições que Mendonça escreveu: “Play Off”, “American Settings”, Three Memos” e “Aphasia”. O desafio resolve-se a si mesmo no final – “Aphasia” – e realça o poder de uma história em três actos. A narrativa prevalece. Vasco Mendonça quer um ouvinte activo. As quatro partes de “Play Off”, a peça, sugerem um jogo jogado em jeito de coreografia contínua.

Passa pela criação de familiaridade com o som dos Drumming GP – quer se conheça ou não, funciona de igual modo -, no fundo, de acomodar uma série de princípios que serão executados de maneiras diferentes ou fragmentados nas restantes composições. Se o álbum se inicia com uma espécie de tempestade, “American Settings” anuncia paisagem, a contemporaneidade norte-americana recriada através das palavras dos poetas norte-americanos Terrance Hayes e Tracy K. Smith, interpretadas por Stephen Diaz. A primeira metade do álbum alude a um excesso – propositado.

O desafio mais levado à letra, isto é, enquanto percepção física – sonora – para o ouvinte. Em “Three Memos” o cenário muda para uma reflexão sobre os recursos dos músicos e como pensá-los: a ideia de escassez presente, como forma de libertação por oposição à limitação. Acontece uma mudança de narrativa – controlada por Vasco Mendonça, mais uma alusão à permanente ideia de desafio – e os intervalos, os silêncios, desenvolvem uma noção de ritmo e intensidade inexistentes até então. A experiência do som, da criação, acomoda “Aphasia”, o mais ambicioso dos quatro desafios. Próxima da electrónica quebrada dos 1990s, “Aphasia” constrói uma narrativa própria dentro da de “Play Off”, e separa-se da ideia de “música contemporânea” para conjugar linguagens próximas do universo da música popular. Peça transformadora e que se transforma dentro de uma particular alucinação.

Time Poetries

Drumming & Carlos Guedes. Time poetries – (Poemas do tempo) é um ciclo de peças para quarteto de lâminas e pequenos instrumentos de percussão e electrónica sob suporte fixo, que exploram a passagem do tempo em música. Como disse Susanne Langer, “a música torna o tempo audível” (1953, p. 110). Estas peças exploram a música como uma suprema arte do tempo, tornando-o audível de várias formas e explorando e aplicando técnicas de ilusão temporal como os “ritmos de Risset” que criam ilusões de acelerando ou ritardando contínuas e infnitas, ritmos Euclidianos, ou técnicas de modulação métrica usadas comumente na música carnática do sul da índia.

O ciclo, encomendado pelo Drumming Grupo de Percussão do Porto, totaliza cerca de 55 minutos e leva os ouvintes numa viagem hipnótica, induzindo estados de transe e explorando sonoridades que evocam a música psicadélica. Pretende-se que o público entre numa viagem musico-temporal libertadora experienciando vários estados emocionais que advêm de diferentes formas de estar no tempo.

ClockWork

Drumming & Daniel Bernardes, Na sequência do aclamado “Liturgy of the Birds” em homenagem a Olivier Messiaen, “Clockwork” marca uma nova colaboração entre Daniel Bernardes e o Drumming-GP em homenagem a György Ligeti. Figura incontornável da música do século XX emprestou obras suas às bandas sonoras de filmes como “2001: A Space Odyssey”, “The Shining” e “Eyes Wide Shut” de Stanley Kubrick. Dono de um estilo muito eclético, Ligeti explorou texturas de grandes massas sonoras – cunhando, a esse propósito, o termo micropolifonia, e numa fase posterior debruça-se sobre a rítmica africana como atestam os seus célebres estudos para piano com influências dos universos do Jazz e do Rock. A natural paixão de Daniel Bernardes pela música do mestre Húngaro tornaram claro que este seria o passo natural para uma segunda aventura em colaboração com o Drumming GP.

Compositor e pianista eclético, Daniel Bernardes tem escrito para alguns dos principais solistas portugueses, Teatro, Televisão e Cinema. Em 2019 lança “Liturgy of the Birds” em parceria com o Drumming GP – agrupamento de referencia mundial no universo da percussão contemporânea – disco aclamado pela crítica nacional (Jazz.pt ; nomeação para disco do ano nos prémios Play) e internacional (destaque nas escolhas do editor da revista JazzTimes USA e presença em vários programas de rádio da especialidade). Apesar da pandemia “Liturgy of the Birds” percorreu o país apresentando-se em algumas das principais salas portuguesas: Fundação Gulbenkian e Centro Cultural de Belém -Lisboa, Casa da Música – Porto, Teatro Baltazar Dias – Funchal, Teatro Stephens – Marinha Grande, Centro Cultural Benedita – Alcobaça, Centro Cultural e Congressos – Caldas da Rainha, Teatro Garcia de Resende – Évora e Salão Medieval da Universidade do Minho de Braga.

Os projectos de Daniel Bernardes envolvem um ecletismo assumido e um diálogo entre diferentes estéticas musicais e muitas vezes com dimensões trans-disciplinares. Em “Liturgy of the Birds” Bernardes mergulhou no universo de Olivier Messiaen, figura incontornável da música do século XX, e pô-la em diálogo com o Jazz e a improvisação.

O projecto que aqui se apresenta segue um paradigma semelhante, um crossover entre a música contemporânea e o Jazz, debruçando-se agora na obra do compositor György Ligeti cujo centenário se comemora em 2023.

O grande público conhece Ligeti pela mão de Stanley Kubrick que integra a sua música no filme 2001: Odisseia no Espaço, e filmes subsequentes. Numa altura em que a vanguarda musical estava muito polarizada, numa dicotomia Europa–Estados Unidos, este sucesso popular proporcionou a Ligeti uma grande liberdade artística com a qual ele forjou um percurso que prima pelo ecletismo, e uma relativização dos dogmas que permeavam a composição musical.

Ligeti trabalhou o universo da micro-polifonia, um processo que procurava as texturas e grandes massas sonoras tornando impossível a percepção das vozes individuais em obras como “Ramifications”, “Atmospheres”, “Lontano” entre outras.

O ritmo foi outra das grandes áreas exploradas por Ligeti, desde as primeiras influências da música tradicional húngara pela mão de Bartok mas também pela música africana com um ADN rítmico muito próprio “Concerto para Piano” “Concerto para Violino” “Estudos para Piano”.

Archipelago

Drumming & Luís Tinoco, ARCHIPELAGO apresenta ao vivo obras gravadas no CD homónimo que foi lançado em 2019 pela editora norte-americana Odradek. Disco vencedor dos Prémios Play para melhor CD de música clássica/erudita 2019 e que obteve as melhores críticas nacionais e internacionais.

Este projeto resulta de uma longa colaboração entre o compositor Luís Tinoco e o Drumming Grupo de Percussão e apresenta obras para um variado leque de combinações instrumentais, desde solos a quartetos de percussão passando por trios a quintetos de percussão com eletrónica.

Archipleago inclui obras para ensemble de percussão, como Short Cuts, originalmente escrita para o Quarteto de Saxofones Apollo e depois transcrita pelo compositor para quatro percussionistas, e Mind the Gap para Marimba solo dedicada a Pedro Carneiro e inspirada nas viagens de metro londrinas. Fados Geneticamente Modificados e Zoom in – Zoom out foram encomendados pelo Drumming GP. Fados Geneticamente Modificados inclui sons pré-gravados na exploração do Fado tradicional, enquanto que Zoom in – Zoom out evoca subtilmente os ritmos e melodias da música popular brasileira. Ends Meet, para marimba solo e quarteto de cordas, explora uma ideia de música circular em que os extremos se tocam, e, a obra mais recente, Archipelago, dedicada ao talentoso Miquel Bernat, combina vibrafone com tubos wah-wah, criando efeitos microtonais fascinantes. teel Factory é uma obra excitante para steel drum ensemble, dedicada ao Drumming GP, grupo que se formou há 20 anos, em 1999, e desde então se tem afirmado como um dos mais originais e dinâmicos projectos de música contemporânea na Península Ibérica e no mundo. Em Portugal conquistou rapidamente a simpatia do público, dos músicos e agentes culturais, apresentando-se nas mais destacadas salas e festivais de música do país.

Music for 18 musicians

Drumming & Steve Reich, Escrita entre 1974 e 1976, “Music for 18 Musicians” é uma das obras mais emblemáticas e conhecida da produção de S. Reich. Ao longo de mais de uma hora um grande arco sonoro com 11 secções continuas cria uma atmosfera hipnótica, uma espécie de transe em que o corpo e mente se fundem numa experiência sensorial única. Afastando-se dos modelos que marcaram o início da sua carreira, Reich usou instrumentos aos quais nunca tinha recorrido como clarinetes e cordas. Agrupou ciclicamente vários acordes (11 um acorde principal em cada uma das secções) com uma grande transformação e sobrepôs duas correntes distintas de tempo: o tempo regular que marca a pulsação e rítmica da obra e o tempo/duração da respiração das vozes e dos instrumentos de sopro. A sobreposição e sucessão de ostinati criam um ambiente encantatório, no qual o som se aproxima e distancia do ouvinte. A repetição de padrões que se transformam, como na música para gamelão indonésio apresenta aos nossos sentidos um novo mundo de espaço e de tempo nesta obra essencial do século XX.