Uma das grandes preocupações do meio artístico musical atual, e consequentemente do Drumming GP, é o pouco conhecimento, difusão e recetividade da música contemporânea erudita junto da comunidade. Esta lacuna criou um distanciamento do público, que se tornou pouco permeável a esta forma artística. Contudo, acreditamos genuinamente que a música contemporânea é um género artístico fundamental para o desenvolvimento da sociedade e, particularmente, da arte sonora, preservando e cultivando valores essenciais para o desenvolvimento da humanidade e promovendo a reflexão e o debate sobre questões sociais, políticas e culturais, pois não está sujeita às leis da indústria atuais.
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Orquestra de Timbilas; música e os instrumentos de Moçambique
A timbila é o nome genérico atribuído a um ensemble específico de instrumentos musicais, da família do xilofone, executado e construído pela etnia Chope do sul de Moçambique. Os primeiros relatos conhecidos acerca deste povo e da sua música datam do século XVI, por meio de cartas enviadas pelo missionário católico português, Padre André Fernandes, a seus colegas na Índia e em Portugal. Nestas cartas faz referência à mestria e sensibilidade particular deste povo, assim como às suas exuberantes e complexas performances compostas por música, dança e poesia. Já no século XX, os etnomusicólogos Hugh Tracey, seu filho Andrew Tracey e Margot Dias, observaram, gravaram e analisaram as tradições musicais dos Chope e os seus instrumentos. Destes trabalhos de campo, realizados entre os anos 40 e os 70, resultaram algumas publicações bibliográficas e discográficas que ainda hoje são as fontes mais importantes sobre as tradições artísticas deste povo. O reconhecimento internacional da Timbila surge em 2005, quando a proposta de candidatura a Património Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO é aprovada.
Desde o trabalho realizado por Hugh Tracey nos anos 40 do século XX, Moçambique tem sofrido com a devastação provocada por sucessivas guerras. Primeiro um difícil processo de descolonização, a que se sucedeu uma guerra civil que acabou por arrasar com tudo o que poderia existir, sobretudo ao nível social e cultural. As práticas musicais associadas à timbila como muitas outras tradições culturais foram afectadas de uma forma muito negativa por este longo período de guerras. Hoje em dia estas práticas já são raras e a maior parte dos jovens em Moçambique estão completamente afastados e desinteressados destas tradições culturais, correndo-se o sério risco de extinção. No caso específico da timbila, para além do número de intérpretes estar a diminuir e poucos jovens estarem interessados nestas práticas, os construtores dos instrumentos também são cada vez menos, e como há uma grande falta de aprendizes daqui a umas décadas pode já não haver ninguém que saiba os segredos da sua manufactura.