Drumming & Daniel Bernardes, Na sequência do aclamado “Liturgy of the Birds” em homenagem a Olivier Messiaen, “Clockwork” marca uma nova colaboração entre Daniel Bernardes e o Drumming-GP em homenagem a György Ligeti. Figura incontornável da música do século XX emprestou obras suas às bandas sonoras de filmes como “2001: A Space Odyssey”, “The Shining” e “Eyes Wide Shut” de Stanley Kubrick. Dono de um estilo muito eclético, Ligeti explorou texturas de grandes massas sonoras – cunhando, a esse propósito, o termo micropolifonia, e numa fase posterior debruça-se sobre a rítmica africana como atestam os seus célebres estudos para piano com influências dos universos do Jazz e do Rock. A natural paixão de Daniel Bernardes pela música do mestre Húngaro tornaram claro que este seria o passo natural para uma segunda aventura em colaboração com o Drumming GP.
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Echo
Drumming & Arte Total & Pedro Lima. Echo, um prelúdio à história de Narcissus
For Percussion
This collaboration led to reflect upon and reconsider our working processes. When we make music, we usually do not write for other musicians but rather for ourselves, and for our computers, we program. Perhaps because of that, we tend not to think about what we do as “composing”.
Chronotope
Drumming & Anthony Pateras. A mudança climática está acelerando a maneira como o som viaja debaixo d’água; quanto mais quente mais rápidas viajam as ondas sonoras. Os animais marinhos se comunicam por meio do som. Mudanças neste meio afeta sua capacidade de se alimentar, lutar, migrar… os ecossistemas subaquáticos dependem da velocidade do som: ritmos, batidas, cliques…Pateras parte de estas premissas e da recolha de sons no Fish Bioacoustics da Faculdade de Ciências de Lisboa para recriar e compor a sua “tese” eco-artística submergindo o público num oceano des ons subaquáticos e percussões de cambiantes ritmos.
Steve Reich Highlights
Paso e repasso pelas peças referencia do autor em diferentes períodos do seu percurso, sempre combinando a percussão, o instrumento do próprio Reich, e os pianos. Estes programas tem como núcleo central a peça Sextet (1984) encomenda do centro Georges Pompidou de París e da Laura Dean Dancers, numa aproximação mas também afrmação contrastante as linhas de criação europeias dos anos 70/80, explorando a ambiguidade perceptiva como elemento fundamental a partir duma métrica que forma grupos rítmicos de 3 (com 4 batimentos) em contraposição a grupos rítmicos de 4 (com 3 batimentos) somando sempre 12 e uma distorção perceptiva dependendo de como utiliza os grupos rítmicos sem basicamente mexer em nada da composição. Dance Patterns (2002) está também pensada coreografcamente e foi uma encomenda do Ictus Ensemble para um video de Thierry de Mey e Anne Teresa de Keersmaeker. O diretor artistico do Drumming estreou esta peça em Bruxellas no Palais des Beaux Arts seguido duma digressão pela Europa.
A Liturgia dos Pássaros
Daniel Bernardes toma contacto com a música de Olivier Messiaen na adolescência, ainda em contexto formativo, desenvolvendo desde logo um fascínio imediato pela “Sinfonia Turangalîla”. Embora Messiaen nunca tenha trabalhado ou demonstrado particular interesse pelo mundo do jazz, era famoso pelas suas improvisações nomeadamente por ocasião das missas na Igreja da Santa Trindade em Paris onde, ao órgão, improvisava de acordo com os diferentes momentos da cerimónia. Este aspecto, aparentemente irrelevante, é importante para percebermos uma certa proximidade, sobretudo harmónica, com os paradigmas do jazz tradicional. O jazz tira partido dos antigos modos Gregos e Messiaen, seguindo o mesmo paradigma, cria o seu universo harmónico através da construção dos seus próprios modos.
Textures & Lines
Drumming & Joana Gama e Luís Fernandes “Textures & lines” é o resultado de um convite feito pelo Drumming GP ao duo de piano e eletrónica composto por Joana Gama e Luís Fernandes. Desde a estreia, com “Quest” em 2014, que o duo tem vindo a afirmar a sua própria sonoridade e estética, visíveis no […]
Orquestra de Timbilas; música e os instrumentos de Moçambique
A timbila é o nome genérico atribuído a um ensemble específico de instrumentos musicais, da família do xilofone, executado e construído pela etnia Chope do sul de Moçambique. Os primeiros relatos conhecidos acerca deste povo e da sua música datam do século XVI, por meio de cartas enviadas pelo missionário católico português, Padre André Fernandes, a seus colegas na Índia e em Portugal. Nestas cartas faz referência à mestria e sensibilidade particular deste povo, assim como às suas exuberantes e complexas performances compostas por música, dança e poesia. Já no século XX, os etnomusicólogos Hugh Tracey, seu filho Andrew Tracey e Margot Dias, observaram, gravaram e analisaram as tradições musicais dos Chope e os seus instrumentos. Destes trabalhos de campo, realizados entre os anos 40 e os 70, resultaram algumas publicações bibliográficas e discográficas que ainda hoje são as fontes mais importantes sobre as tradições artísticas deste povo. O reconhecimento internacional da Timbila surge em 2005, quando a proposta de candidatura a Património Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO é aprovada.
Desde o trabalho realizado por Hugh Tracey nos anos 40 do século XX, Moçambique tem sofrido com a devastação provocada por sucessivas guerras. Primeiro um difícil processo de descolonização, a que se sucedeu uma guerra civil que acabou por arrasar com tudo o que poderia existir, sobretudo ao nível social e cultural. As práticas musicais associadas à timbila como muitas outras tradições culturais foram afectadas de uma forma muito negativa por este longo período de guerras. Hoje em dia estas práticas já são raras e a maior parte dos jovens em Moçambique estão completamente afastados e desinteressados destas tradições culturais, correndo-se o sério risco de extinção. No caso específico da timbila, para além do número de intérpretes estar a diminuir e poucos jovens estarem interessados nestas práticas, os construtores dos instrumentos também são cada vez menos, e como há uma grande falta de aprendizes daqui a umas décadas pode já não haver ninguém que saiba os segredos da sua manufactura.
Lux-Lucis
Mais do que um fenómeno físico a luz tem, na nossa cultura, uma multiplicidade de conotações: ilustração do estado mental, do saber, da orientação solar, elemento arquitectónico fundamental na modelação do espaço e um elemento pictórico basilar em alguns períodos da história de arte, entre outras. Sem dúvida a sua importância é imensa, porque a luz é, sobretudo, energia: um dos fundamentos da sociedade actual. Chegando mesmo a considerar-se um dos elementos do conhecimento que nos distingue dos animais irracionais. A expressão “dar à luz” é nascer, é dar Vida!
Archipelago
Drumming & Luís Tinoco, ARCHIPELAGO apresenta ao vivo obras gravadas no CD homónimo que foi lançado em 2019 pela editora norte-americana Odradek. Disco vencedor dos Prémios Play para melhor CD de música clássica/erudita 2019 e que obteve as melhores críticas nacionais e internacionais.
Este projeto resulta de uma longa colaboração entre o compositor Luís Tinoco e o Drumming Grupo de Percussão e apresenta obras para um variado leque de combinações instrumentais, desde solos a quartetos de percussão passando por trios a quintetos de percussão com eletrónica.
Archipleago inclui obras para ensemble de percussão, como Short Cuts, originalmente escrita para o Quarteto de Saxofones Apollo e depois transcrita pelo compositor para quatro percussionistas, e Mind the Gap para Marimba solo dedicada a Pedro Carneiro e inspirada nas viagens de metro londrinas. Fados Geneticamente Modificados e Zoom in – Zoom out foram encomendados pelo Drumming GP. Fados Geneticamente Modificados inclui sons pré-gravados na exploração do Fado tradicional, enquanto que Zoom in – Zoom out evoca subtilmente os ritmos e melodias da música popular brasileira. Ends Meet, para marimba solo e quarteto de cordas, explora uma ideia de música circular em que os extremos se tocam, e, a obra mais recente, Archipelago, dedicada ao talentoso Miquel Bernat, combina vibrafone com tubos wah-wah, criando efeitos microtonais fascinantes. teel Factory é uma obra excitante para steel drum ensemble, dedicada ao Drumming GP, grupo que se formou há 20 anos, em 1999, e desde então se tem afirmado como um dos mais originais e dinâmicos projectos de música contemporânea na Península Ibérica e no mundo. Em Portugal conquistou rapidamente a simpatia do público, dos músicos e agentes culturais, apresentando-se nas mais destacadas salas e festivais de música do país.